quarta-feira, 5 de agosto de 2015

CRÓNICA DO SOARES #3 - QUE A BOLA COMECE A ROLAR...

Já faltam poucos dias para que, finalmente, a época de futebol comece de forma oficial. Acabaram-se as experiências, as muitas alterações durante os jogos e a desvalorização dos resultados. A partir de Domingo, é a doer. Nós, como sportinguistas, somos provavelmente os mais confiantes, nesta altura do ano. Temos, ao fim de muitos anos de espera, uma estrutura competente, organizada e sólida. Uma equipa técnica do melhor que se encontra em Portugal e das melhores da Europa. Uma equipa composta por jogadores das mais variadas culturas futebolísticas, com as mais diversas experiências profissionais. Uns mais velhos que outros. Neste plantel há espaço para todos; para os jovens que estão a crescer, vindos da nossa formação, que procuram agora os primeiros minutos na equipa principal; e para os mais jogadores mais velhos, experientes, que transmitem à equipa a confiança, a sabedoria e a tranquilidade nos momentos mais difíceis que possam estar para vir. 




Não vai ser uma época fácil. Todos os sportinguistas terão de se unir, porque esta é a época em que estamos a arriscar tudo para voltarmos ao tão desejado título de campeão nacional. Todos nós precisaremos de muita paciência e tranquilidade, porque os ataques vindos de fora vão-se suceder. Nos últimos tempos, tenho reparado que as vozes internas calaram-se. Desde a Assembleia Geral de 28 de Junho, que todas as vozes que se vinham pronunciando na comunicação social, calaram-se. Desde que começou a pré-temporada, não há o mais pequeno burburinho no Sporting. Isto só pode ser mais um bom indicativo para os sportinguistas. É tempo de deixar as guerrinhas para trás e focar-mo-nos naquilo que é um objectivo, um sonho comum de todos nós. É isso que tem sucedido. A equipa tem trabalhado afincadamente unicamente focada em assimilar os novos métodos e processos da equipa técnica liderada por Jorge Jesus. No entanto, quando a bola começar a rolar, o mais pequeno deslize vai ser aproveitado pela crítica e é nestes momentos que os sportinguistas e todos os elementos da estrutura de futebol profissional do Sporting não poderão desviar os olhos do seu caminho. Não podemos comprar guerras com nada nem ninguém, porque isso implica um obstáculo na nossa rota. Nos momentos bons e nos momentos maus, a atitude tem que ser sempre a mesma: humildade, empenho e ambição. Ambição de fazer sempre melhor e de querer sempre mais. Só com esta atitude durante dez meses será possível chegarmos aos títulos e à glória predestinada a este grande clube centenário.


Voltando um pouco atrás, mais concretamente ao último Sábado. Foi um dia de festa para todos os sportinguistas, podendo ver pela primeira vez, em sua casa, a nova equipa em acção. E, por aquilo que se viu, as perspectivas são animadoras. O que se viu, na verdade, pode ser resumido rapidamente. Muita dinâmica nos processos ofensivos e defensivos, nunca havendo momentos de jogo em que os jogadores não soubessem o que fazer. Qualquer um dos onze que estiveram em campo sabia exactamente o que tinha de fazer em todos os instantes do jogo e isso é algo de realçar, tendo em conta as curtas quatro semanas de treinos. O que me impressionou mais no duelo de Sábado foi termos atingido um nível exibicional, longe ainda do pretendido por Jesus, mas que supera os últimos seis meses da temporada transacta. A pergunta que se impões é, então, a seguinte: o que andou Marco Silva a fazer desde Janeiro? Pouco ou nada. Muito se pode dizer sobre os jogadores que dispomos e que são substancialmente melhores que aqueles que Marco Silva tinha à sua disposição. Errado. No passado Sábado, estiveram quatro reforços no onze. Comecemos pela defesa, onde Naldo substitui Ewerton, relativamente ao onze habitual de Marco Silva. Penso que, nesta fase, ninguém considera Naldo superior a Ewerton. Na lateral direita, João Pereira é mais experiente que Cédric e isso ajuda em algumas situações de jogo, mas não será por aí que a diferença seja feita. Na frente, tínhamos Bryan Ruiz em vez de Nani. Nani, a meu ver, é um jogador diferente de Ruiz, mas mesmo assim ao nível da importância que poderá ter na equipa, considero-os semelhantes. No duo mais avançado, tínhamos Teo Gutierrez. Um jogador que ainda anda perdido em campo e com algumas dificuldades na tomada de decisão rápida, que Jorge Jesus tanto precisa naquela zona do terreno. Concluindo, o problema, por assim dizer, não está nos jogadores serem diferentes. Remete-nos então para a única resposta possível: Marco Silva não foi competente no seu trabalho durante os últimos meses. Jorge Jesus é um treinador muito mais competente que Marco Silva, mas este último tem um potencial, ou pelo menos tinha, de chegar a patamares altos no mundo do futebol. Todos os críticos lhe reconheciam competência pelo trabalho que desenvolveu no Estoril e, como sportinguista, rejubilei com a vinda do ‘Special One’ da Amoreira para Alvalade, há um ano atrás. Como tal, a diferença entre Marco Silva e Jorge Jesus existe. Mas será assim tanta para que, em quatro semanas, se faça muito mais do que se fez, ou que não se fez, em seis meses?



Os reflexos do trabalho que tem vindo a ser feito em Alvalade já se sentem noutros lados, nomeadamente do outro lado da segunda circular. Não gosto muito de falar dos rivais do Sporting, mas tenho notado uma constante intervenção de várias pessoas ligadas, ou anteriormente ligadas, ao Benfica a comentarem o que se gasta, o que não se gasta, o que se faz e se deixa de fazer no Sporting. Depois deste defeso absolutamente louco, em que há um derrotado evidente nos três grandes, pergunto-me se estes intervenientes não deveriam, em primeiro lugar, olhar para dentro e para o que se passa dentro do seu próprio clube antes de olhar para a casa do vizinho.
Uma última palavra para aquele que parece ser a segunda contratação mais sonante do futebol português, neste defeso, Kevin Prince Boateng. Vou muito directo ao assunto. Não é um jogador que precisemos neste momento no Sporting. Há várias razões: em primeiro lugar, o facto de não precisarmos de jogadores, sequer, para as supostas posições que vem fazer, médio centro, extremo ou segundo avançado; em segundo lugar, é um jogador que não é conhecido por ser muito disciplinado e muito profissional; em terceiro lugar, trata-se de alguém que perdeu o fulgor de outros tempos, nomeadamente no Milan, e que agora apresenta problemas físicos relacionados com o seu peso; em quarto lugar, não é uma contratação barata, porque rejeitou ofertas vindas da Turquia e do Qatar. Eu compreendo que tenha baixado o salário absurdo que auferia no Schalke 04, mas não sejemos ingénuos. É um jogador caro que vai ser dos mais bem pagos do plantel principal, não sabendo bem em que condições e com que vontade se vai apresentar por cá. Relativamente ao aspecto da visibilidade, é mais um reforço de peso para o futebol português, que parece continuar a atrair jogadores de qualidade, apesar das evidentes dificuldades que vive.

Saudações Leoninas,

Autor do Artigo: Rui Soares

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